domingo, 6 de novembro de 2016

Boa noite, gente!!!
Enfim volto a publicar algo por aqui. Abaixo, na íntegra, a carta enviada por e-mail ao Senhor Secretário de Educação do Estado, o senhor Walter Pinheiro. Socializo com vocês na expectativa de tornar o principal tema da missiva, um projeto coletivo, o CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO BASEADO NO ENSINO POR TEMAS. Quem conhece nosso NA TRILHA D'OS SERTÕES já sabe um pouco do procedimento, do modus operandi, pois ele é o germinal deste meu mais novo empreendimento: a construção de mais uma possibilidade de cursar o nível médio. Boa leitura e enviem comentários, inclusive contra a proposta.
Fátima, Bahia, 06 de novembro de 2016

Exmo. Sr. Secretário de Educação do Estado da Bahia

A educação pública, gratuita e de qualidade sempre esteve no meu horizonte profissional e intelectual. Nestes 24(vinte e quatro) anos de atividades atuando, inicialmente, no Ensino Fundamental maior, na disciplina EDUCAÇÃO FÍSICA – minha formação inicial -  em 2001 migrei de UE e de disciplina, agora na disciplina e suas correlatas de área, como REDAÇÃO, LITERATURA INFANTIL, entre outras, todas no Ensino Médio. Atualmente sou estudante de graduação em Letras Vernáculas também pela Universidade Federal de Sergipe, onde fiz meu Mestrado em Educação.
Nesta missiva quero discorrer, majoritariamente sobre o Currículo do Ensino Médio (e a duração dessa etapa), mas também “passar” pelo Curso Normal Médio, e pela particularidade que é a mudança do nome da UEE onde atuo como docente.
Durante a minha trajetória desenvolvi alguns, desenvolvo outros, projetos de trabalho e aquele que me faz me dirigir ao senhor secretário é aquele que diz respeito ao currículo no Ensino Médio, cujo núcleo gerador é o ENSINO POR TEMAS, o qual consiste em um reordenamento e redistribuição de conteúdos e de atividades para esse nível de ensino prenhe de ideias e de desejos, em face exatamente do público-alvo, os adolescentes, os jovens que são, por excelência, inquietos por conta da sua vontade de mudança e de um cotidiano menos fatigante.
Partindo dos princípios orientadores já existentes, a saber, os PARÂMETROS e as DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO MÉDIO, a LDB 9394/1996, e buscando as teses nas diversas disciplinas que compõem o quadro curricular do Ensino Médio, obedecendo ao quantitativo de horas anuais, o cotidiano semanal/mensal seria composto por minicursos temáticos, como por exemplo, nossa ideia já posta em prática a qual considero como germinal. Trata-se do curso NA TRILHA D’OS SERTÕES experimentado no colégio em que atuo e envolvendo as disciplinas LINGUA PORTUGUESA E LITERATURA BRASILEIRA, REDAÇÃO E SOCIOLOGIA nos anos de 2013 2014, quando eu e o professor Fábio José de Araújo, com Sociologia, desenvolvemos atividades em conjunto, mas dando aulas nas disciplinas. Isto é essa experiências não traduzem exatamente o ENSINO POR TEMAS, porque a ideia é a de que toda a escola deixe a disciplina, de modo explícito e particular, e construa minicursos elaborados por um ou mais professores. Tenho outras sugestões de temas/minicursos para tentar ser mais claro na proposta, porém ele é um trabalho coletivo, envolvendo todos os docentes e, preferencialmente, com a participação de pais/mães e os próprios estudantes e, mais adiante, outras pessoas da comunidade.
Faço saber que o curso NA TRILHA D’OS SERTÕES, o germinal desta minha proposta, é uma atividade disciplinar que já realizei na escola e fora dela, são conhecidas por atividades realizadas pelos estudantes e publicadas na rede social FACEBOOK, com postagens que levam esse nome sendo de fácil localização, o qual tornou-se fruto de interesse do documentarista Elson Rosario (atualmente participando como avaliador de projetos da SECULT-BA). É também conhecido, com participação direta, do prof. Dr.  Aleilton Fonseca, docente da UEFS e membro da Academia de Letras da Bahia.
OPERACIONALIZAÇÃO DO CURSO – MATRÍCULA E ALGUMAS IDEIAS INICIAIS
Concretamente teríamos o seguinte: o grupo de profissionais da UEE se reúne no início de fevereiro para construir seus minicursos e a unidade escolar disponibiliza para todos, um conjunto de possibilidades para matrícula para que o horário semanal seja preenchido. Entretanto, caso algum minicurso apesente uma demanda maior acima do permitido por classe, a UEE faria um processo seletivo a fim de preencher o quantitativo de vagas.
Na possibilidade de algum estudante ficar com matrícula abaixo do quantitativo de horas, deverá ser matriculado em qualquer outro minicurso disponível e, para isso, a UEE exigirá do grupo docente um leque suficiente dessas atividades para evitar esta situação.
Como se trata de uma inovação que desestrutura o cotidiano da escola, sugiro que a oferta da UEE seja concomitante com o chamado ensino regular e para esta novidade, somente uma turma seja disponibilizada e a possibilidade do aluno migrar de uma para outra turma, seja a do ensino por temas para a regular, ou vice-versa.
Esta minha ideia já foi apresentada na Semana de Planejamento Pedagógico no ano de 2014, e no documento oficial denominado Intervenção Pedagógica, local de registro da situação da Unidade Escolar, e enviado por esta SEC-BA, mas não obtive retorno.
O segundo ponto de sugestão dessa minha “pauta” diz respeito à duração do Ensino Médio, passando para 05(cinco) anos, com matrícula facultativa a quem cumpriu o mínimo estabelecido por lei, sendo a oferta de disciplina e atividades a partir da disponibilidade da UEE. Podendo ainda ser dividida por semestres, para que o aluno tem um vínculo menos limitador das possibilidades de criação de outros vínculos, tendo em vista que este discente já possui o direito de ingressar em outros cursos, de níveis mais elevados, dentre eles, principalmente a Educação Superior. Desse modo, dividido por semestre o estudante não fica “parado” e ao ter outra oportunidade, não terá prejuízo em não concluir essa nova fase de estudos, contribuindo para a sua formação intelectual e curricular, levando consigo, ao menos um ou mais semestres de ampliação de estudos.
Ainda sobre a duração, entendo que o ensino noturno deva ser ampliado para quatro anos,  com redução de carga horária diária, ficando das 19:00 às 21:50, com somente 04(quatro) aulas diárias. Dessa forma o quantitativo exigido por lei não sofreria prejuízo.
O terceiro ponto diz respeito ao Curso Normal, que faz uma ausência enorme na nossa UEE (e em toda a região, pois conheço diversos colegas de trabalhos, os quais relatam essa carência, tanto por parte deles, quanto pela dos alunos). Faço saber ao senhor que durante o ano de 2010 participei como voluntário de uma equipe de professores da rede ao integrar o balanço do curso normal médio na Bahia, promovido por esta SEC; na oportunidade, liderados pela profa. Alba Guedes, UNEB-SSA, estudamos os currículos do Normal Médio, em vigor até aquele ano e enviamos uma minuta de critérios mínimos a serem cumpridos pelas UEE que pretendessem ofertar o curso a partir de 2011. Realizamos cerca de 05(cinco) encontros em Salvador, sempre voluntariamente, e ficamos responsáveis por visitar as escolas interessadas nas regiões onde somos lotados e interessadas na implantação do curso.
Ainda visitei 04(quatro) escolas nos municípios de Cícero Dantas, Jeremoabo, Pedro Alexandre e Santa Brígida, ficando sem visita os municípios de Paulo Afonso, Nova Soure e outros.
Ao final das viagens fizemos um novo encontro e em seguida, com os mesmos atores para apresentação da primeira, fizemos uma plenária ampliada sempre em Salvador, do novo currículo para o CURSO NORMAL MÉDIO, cujos itens mais importantes eram: 1º) para a atração dos futuros/aspirantes à docência, um intercâmbio com a UNEB para a matrícula imediata em uma licenciatura dos/das que pretendiam continuar na busca da docência (neste país carente desse tipo de profissional) e o 2º) o currículo centrado em áreas, inclusive as disciplinas profissionalizantes.
Entretanto, sendo final de ano letivo, com mudança de Secretário, de modo autoritário e DESRESPEITADOR, o novo titular suspendeu as matrículas, relegando ao esquecimento, MAS NUNCA ESQUECIDO POR AQUELES E AQUELAS QUE PRETENDIAM CURSAR O NORMAL MÉDIO.
Por fim, o quarto ponto, diz respeito ao nome da unidade escolar onde atuo desde 2001, ano de sua inauguração, o COLÉGIO ESTADUAL LUÍS EDUARDO MAGALHÃES, para ANA MIRENA DA SILVA, professora do nosso município, negra, arrimo de família pobre e alfabetizadora por cerca 03(três) décadas. Perseguida politicamente no período de nossa emancipação política, quando éramos distrito de Cícero Dantas, fez um trabalho silencioso, mas consistente. Outras motivações para a alteração do nome, vão desde a conhecida do senhor, que é a disseminação dos nomes dos familiares do sr. Antonio Carlos Peixoto Magalhães, cuja intenção o senhor sabe muito mais do que eu. E por fim, a própria localização da nossa UEE, sito à Rua Maria Preta, cujo nome é a referência a um tanque construído por escravos que está localizado no final da rua, onde antes era uma estrada vicinal que dá acesso a algumas localidades rurais, ao núcleo urbano do nosso município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero poder ser atendido pelo Exmo. Sr. Secretário de Educação do Estado da Bahia para poder discorrer com mais propriedade sobre nosso CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO POR TEMAS, assim como sobre os outros pontos desta missiva. Segue, anexo, algumas produções científicas e apresentadas em eventos, uma na U. F. de Sergipe e a outra na UNEB-SSA, ambas com temáticas pertinentes às minhas inquietações profissionais e político-intelectuais conforme tento expor nesta comunicação.
Na expectativa de poder contribuir para uma educação pública, gratuita e de qualidade, despeço-me e aguardo a possibilidade de dividir diretamente com o senhor e equipe as minhas ideias.
Att.

Marcos José de Souza