Boa noite, gente!!!
Enfim volto a publicar algo por aqui. Abaixo, na íntegra, a carta enviada por e-mail ao Senhor Secretário de Educação do Estado, o senhor Walter Pinheiro. Socializo com vocês na expectativa de tornar o principal tema da missiva, um projeto coletivo, o CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO BASEADO NO ENSINO POR TEMAS. Quem conhece nosso NA TRILHA D'OS SERTÕES já sabe um pouco do procedimento, do modus operandi, pois ele é o germinal deste meu mais novo empreendimento: a construção de mais uma possibilidade de cursar o nível médio. Boa leitura e enviem comentários, inclusive contra a proposta.
Fátima, Bahia, 06 de novembro de
2016
Exmo. Sr. Secretário de Educação
do Estado da Bahia
A educação pública, gratuita e de
qualidade sempre esteve no meu horizonte profissional e intelectual. Nestes
24(vinte e quatro) anos de atividades atuando, inicialmente, no Ensino
Fundamental maior, na disciplina EDUCAÇÃO FÍSICA – minha formação inicial - em 2001 migrei de UE e de disciplina, agora na
disciplina e suas correlatas de área, como REDAÇÃO, LITERATURA INFANTIL, entre
outras, todas no Ensino Médio. Atualmente sou estudante de graduação em Letras
Vernáculas também pela Universidade Federal de Sergipe, onde fiz meu Mestrado
em Educação.
Nesta missiva quero discorrer,
majoritariamente sobre o Currículo do Ensino Médio (e a duração dessa etapa),
mas também “passar” pelo Curso Normal Médio, e pela particularidade que é a
mudança do nome da UEE onde atuo como docente.
Durante a minha trajetória
desenvolvi alguns, desenvolvo outros, projetos de trabalho e aquele que me faz
me dirigir ao senhor secretário é aquele que diz respeito ao currículo no
Ensino Médio, cujo núcleo gerador é o ENSINO POR TEMAS, o qual consiste em um
reordenamento e redistribuição de conteúdos e de atividades para esse nível de
ensino prenhe de ideias e de desejos, em face exatamente do público-alvo, os
adolescentes, os jovens que são, por excelência, inquietos por conta da sua
vontade de mudança e de um cotidiano menos fatigante.
Partindo dos princípios
orientadores já existentes, a saber, os PARÂMETROS e as DIRETRIZES CURRICULARES
PARA O ENSINO MÉDIO, a LDB 9394/1996, e buscando as teses nas diversas
disciplinas que compõem o quadro curricular do Ensino Médio, obedecendo ao
quantitativo de horas anuais, o cotidiano semanal/mensal seria composto por
minicursos temáticos, como por exemplo, nossa ideia já posta em prática a qual
considero como germinal. Trata-se do curso NA TRILHA D’OS SERTÕES experimentado
no colégio em que atuo e envolvendo as disciplinas LINGUA PORTUGUESA E
LITERATURA BRASILEIRA, REDAÇÃO E SOCIOLOGIA nos anos de 2013 2014, quando eu e
o professor Fábio José de Araújo, com Sociologia, desenvolvemos atividades em
conjunto, mas dando aulas nas disciplinas. Isto é essa experiências não
traduzem exatamente o ENSINO POR TEMAS, porque a ideia é a de que toda a escola
deixe a disciplina, de modo explícito e particular, e construa minicursos
elaborados por um ou mais professores. Tenho outras sugestões de
temas/minicursos para tentar ser mais claro na proposta, porém ele é um
trabalho coletivo, envolvendo todos os docentes e, preferencialmente, com a
participação de pais/mães e os próprios estudantes e, mais adiante, outras
pessoas da comunidade.
Faço saber que o curso NA TRILHA
D’OS SERTÕES, o germinal desta minha proposta, é uma atividade disciplinar que
já realizei na escola e fora dela, são conhecidas por atividades realizadas
pelos estudantes e publicadas na rede social FACEBOOK, com postagens que levam
esse nome sendo de fácil localização, o qual tornou-se fruto de interesse do
documentarista Elson Rosario (atualmente participando como avaliador de
projetos da SECULT-BA). É também conhecido, com participação direta, do prof.
Dr. Aleilton Fonseca, docente da UEFS e
membro da Academia de Letras da Bahia.
OPERACIONALIZAÇÃO DO
CURSO – MATRÍCULA E ALGUMAS IDEIAS INICIAIS
Concretamente teríamos o
seguinte: o grupo de profissionais da UEE se reúne no início de fevereiro para
construir seus minicursos e a unidade escolar disponibiliza para todos, um
conjunto de possibilidades para matrícula para que o horário semanal seja
preenchido. Entretanto, caso algum minicurso apesente uma demanda maior acima
do permitido por classe, a UEE faria um processo seletivo a fim de preencher o
quantitativo de vagas.
Na possibilidade de algum estudante
ficar com matrícula abaixo do quantitativo de horas, deverá ser matriculado em
qualquer outro minicurso disponível e, para isso, a UEE exigirá do grupo
docente um leque suficiente dessas atividades para evitar esta situação.
Como se trata de uma inovação que
desestrutura o cotidiano da escola, sugiro que a oferta da UEE seja
concomitante com o chamado ensino regular e para esta novidade, somente uma
turma seja disponibilizada e a possibilidade do aluno migrar de uma para outra
turma, seja a do ensino por temas para a regular, ou vice-versa.
Esta minha ideia já foi
apresentada na Semana de Planejamento Pedagógico no ano de 2014, e no documento
oficial denominado Intervenção Pedagógica, local de registro da situação da
Unidade Escolar, e enviado por esta SEC-BA, mas não obtive retorno.
O segundo ponto de sugestão dessa minha “pauta” diz respeito à
duração do Ensino Médio, passando para 05(cinco) anos, com matrícula
facultativa a quem cumpriu o mínimo estabelecido por lei, sendo a oferta de
disciplina e atividades a partir da disponibilidade da UEE. Podendo ainda ser
dividida por semestres, para que o aluno tem um vínculo menos limitador das
possibilidades de criação de outros vínculos, tendo em vista que este discente
já possui o direito de ingressar em outros cursos, de níveis mais elevados,
dentre eles, principalmente a Educação Superior. Desse modo, dividido por
semestre o estudante não fica “parado” e ao ter outra oportunidade, não terá
prejuízo em não concluir essa nova fase de estudos, contribuindo para a sua
formação intelectual e curricular, levando consigo, ao menos um ou mais
semestres de ampliação de estudos.
Ainda sobre a duração, entendo
que o ensino noturno deva ser ampliado para quatro anos, com redução de carga horária diária, ficando
das 19:00 às 21:50, com somente 04(quatro) aulas diárias. Dessa forma o
quantitativo exigido por lei não sofreria prejuízo.
O terceiro ponto diz respeito ao Curso Normal, que faz uma ausência
enorme na nossa UEE (e em toda a região, pois conheço diversos colegas de
trabalhos, os quais relatam essa carência, tanto por parte deles, quanto pela
dos alunos). Faço saber ao senhor que durante o ano de 2010 participei como
voluntário de uma equipe de professores da rede ao integrar o balanço do curso
normal médio na Bahia, promovido por esta SEC; na oportunidade, liderados pela
profa. Alba Guedes, UNEB-SSA, estudamos os currículos do Normal Médio, em vigor
até aquele ano e enviamos uma minuta de critérios mínimos a serem cumpridos
pelas UEE que pretendessem ofertar o curso a partir de 2011. Realizamos cerca
de 05(cinco) encontros em Salvador, sempre voluntariamente, e ficamos
responsáveis por visitar as escolas interessadas nas regiões onde somos lotados
e interessadas na implantação do curso.
Ainda visitei 04(quatro) escolas
nos municípios de Cícero Dantas, Jeremoabo, Pedro Alexandre e Santa Brígida,
ficando sem visita os municípios de Paulo Afonso, Nova Soure e outros.
Ao final das viagens fizemos um
novo encontro e em seguida, com os mesmos atores para apresentação da primeira,
fizemos uma plenária ampliada sempre em Salvador, do novo currículo para o
CURSO NORMAL MÉDIO, cujos itens mais importantes eram: 1º) para a atração dos
futuros/aspirantes à docência, um intercâmbio com a UNEB para a matrícula
imediata em uma licenciatura dos/das que pretendiam continuar na busca da
docência (neste país carente desse tipo de profissional) e o 2º) o currículo
centrado em áreas, inclusive as disciplinas profissionalizantes.
Entretanto, sendo final de ano
letivo, com mudança de Secretário, de modo autoritário e DESRESPEITADOR, o novo
titular suspendeu as matrículas, relegando ao esquecimento, MAS NUNCA ESQUECIDO
POR AQUELES E AQUELAS QUE PRETENDIAM CURSAR O NORMAL MÉDIO.
Por fim, o quarto ponto, diz respeito ao nome da unidade escolar onde atuo
desde 2001, ano de sua inauguração, o COLÉGIO ESTADUAL LUÍS EDUARDO MAGALHÃES,
para ANA MIRENA DA SILVA, professora do nosso município, negra, arrimo de
família pobre e alfabetizadora por cerca 03(três) décadas. Perseguida
politicamente no período de nossa emancipação política, quando éramos distrito
de Cícero Dantas, fez um trabalho silencioso, mas consistente. Outras
motivações para a alteração do nome, vão desde a conhecida do senhor, que é a
disseminação dos nomes dos familiares do sr. Antonio Carlos Peixoto Magalhães,
cuja intenção o senhor sabe muito mais do que eu. E por fim, a própria
localização da nossa UEE, sito à Rua Maria Preta, cujo nome é a referência a um
tanque construído por escravos que está localizado no final da rua, onde antes
era uma estrada vicinal que dá acesso a algumas localidades rurais, ao núcleo
urbano do nosso município.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Espero poder ser atendido pelo
Exmo. Sr. Secretário de Educação do Estado da Bahia para poder discorrer com
mais propriedade sobre nosso CURRÍCULO DO ENSINO MÉDIO POR TEMAS, assim como
sobre os outros pontos desta missiva. Segue, anexo, algumas produções
científicas e apresentadas em eventos, uma na U. F. de Sergipe e a outra na
UNEB-SSA, ambas com temáticas pertinentes às minhas inquietações profissionais
e político-intelectuais conforme tento expor nesta comunicação.
Na expectativa de poder
contribuir para uma educação pública, gratuita e de qualidade, despeço-me e
aguardo a possibilidade de dividir diretamente com o senhor e equipe as minhas
ideias.
Att.
Marcos José de Souza