Um olhar revisitado sobre
Rashomon
Após profícuo
debate sobre Rashomon, 1950, Akira Kurosawa, sob a coordenação do prof. Dr.
Hamílcar Silveira Dantas Junior, no âmbito da disciplina Cinema e Narrativas do
Contemporâneo, junto ao Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Cinema –
PPGCINE, vinculado à Universidade Federal de Sergipe e nele, debate, observarmos
diversos momentos e aspectos do filme, decidi fazer um texto do tipo ensaio com
a predominância de frames desse longa japonês, inicialmente considerado por
este povo como um filme ocidentalizado.
O filme tem como
mote a busca da verdade através do testemunho de 05(cinco) pessoas/personagens
sobre um estupro e um assassinato. Há uma espécie de tribunal do júri e
inclusive o testemunho do falecido dá-se através de um médium. O filme traz a fábula
como narrativa, isto é, algo que se conta em busca de ensinar algo e prende a
nossa atenção como a verdade existe e ao mesmo tempo não existe.
Faço votos que
assistam a esse filme, em preto e branco, com recursos simples, mas que com paciência
teremos ótimos desempenhos cênicos dos artistas, inclusive com a simplicidade
do cenário, isto é, minimalista, o que conferem ao diretor, o seu brilhantismo.
Boas sessões!!!!
Os frames, com seus respectivos
temas do momento, não estão na ordem de aparição do filme, mas obedecem a uma
possível valorização temática do autor:
1. Camponês
e religioso conversam sobre ética e a guarda de um bebê representantes do
eterno recomeço da vida e fazem parte das últimas cenas do filme
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2. Kurosawa
um cineasta do ocidental do oriente
O frame seguinte passou
despercebido do debate e também pelo meu campo de visão, visto somente agora
com a terceira vez que vi o filme. Para mim revela a cristianização de
Kurosawa, indício de sua ocidentalização, como seus críticos japoneses
julgavam. Trata-se da imagem de uma cruz provocada pela luz do lugar onde passa
a parte principal da narrativa fílmica, o relato sobre o estupro da moça e do
assassinato do marido dela. A mão que se vê é do fotógrafo autor do texto e por
isso peço desculpas.
3.
O tempo transcorrido entre o episódio do estupro
e do assassinato
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4.
A vida pregressa de Tajomaru e as histórias
sobre a vida dele contado por outros
5.
O papel social feminino pela voz de uma mulher
6.
Momento em que o lenhador, que viu os acontecimentos,
conversa com o religioso sob a intermediação do camponês, o cético
7.
Alguns frames que revelam esteticamente a
fotografia do filme entre outros destaques:
Nesse momento temos
as pernas de Tajomaru, de costas, a mulher, ao chão e entre ambos. De frente, o
marido da mulher. Não consegui compreender a simbologia dessa imagem, além do óbvio que é a luta, a disputa pela mulher, apesar do que sabemos o que pensam e falam ambos sobre ela..
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7.1. O
marido, pela fala da mulher, olha-a com desdém após ele presenciar a cena de
estupro
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7.2. O
camponês, homem que chega ao templo e duvida de tudo e de todos
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7.3. Início do depoimento da esposa, quando ouvimos Bolero, de Maurice Ravel. Não sabemos qual a razão do uso dessa música exclusivamente para o depoimento dela.
7.4. O
médium “depõe” trazendo a versão dos fatos; nos 4 (quatro) frames iniciais
temos a pessoa que recebe o espírito e fala e nos seguintes temos a reprodução
da voz do próprio falecido.
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A mesma fala foi capturada em dois frames:
7.5. O
assassinato do samurai pelo fora da lei, Tajomaru - atentem para a posição da espada, o que justifica a sequência que fiz.
Esse singelo trabalho é dedicado ao meu querido amigo e meu
professor, Hamílcar Silveira Dantas Junior, um operário do serviço público, vinculado ao Programa de Pós-Graduação Interdiscplinar em Cinema, o PPGCINE, da Universidade Federal de Sergipe, a nossa uefesse, ou UFS!
Marcos José de Souza, 12 de outubro de 2023, às 21:50h, concluído no dia dedicado ao professor e com a honrosa ajuda de Ariel Carvalho de Souza, nosso rebento caçula, às 10:16h.