Zero de conduta, Jean Vigo,
1933, França.
A presença da Educação no cinema,
principalmente o cotidiano da sala de aula, ocorre desde o início da sétima
arte. Hoje nosso dialogo será com um filme produzido nos anos de 1930, mais
precisamente em 1933, portanto 40 anos depois do “surgimento” do cinema, numa
fase já consolidada com a marca de “escolas cinematográficas” em vários países,
trata-se de Zero de Conduta, dirigido pelo francês Jean Vigo.
Zero de conduta apresenta um internato
para meninos, destacando um quarteto desses garotos que sempre chamam a atenção
da direção do estabelecimento por não cumprirem as ordens da casa, as quais,
vamos conhecendo, são opressoras e, portanto, limitadoras das ações pertinentes
à infância e à adolescência. Na trama, os personagens estão às vésperas de uma comemoração
cujo nome não é revelado.
Na instituição de ensino constatamos
diversas agressões aos internos, em face da postura autoritária dos professores
e dos demais componentes da gestão escolar. À exceção de um deles, o qual com
sua postura, lembra algumas prerrogativas do professor Paulo Freire em seu
livro Pedagogia da Autonomia. Trata-se do prof Huguet, novo no estabelecimento,
e pela prática não autoritária, opressora, não é bem visto pela direção e inspeção
escolares. Este professor permite que os estudantes tenham autonomia, trabalha
com alegria, participa com eles e sabe ouvi-los. Em dos momentos, o prof Huguet
vê um aluno “plantar bananeira” em plena sala de aula e em seguida imita o
estudante.
A narrativa proporciona a vitória
aos estudantes revoltosos, quando os dirigentes do internato estão em plena comemoração
organizada pela própria instituição, o que a nosso ver, não seria comum à
época, 1933: a vitória da revolta estudantil. E essa “vitória” começa na
véspera da festa, quando os líderes incitam aos demais colegas à não
participação na comemoração, ao promoveram “uma brincadeira” conhecida como
guerra de travesseiros. Um detalhe dessa sequência é que ao final dela temos
alguns segundos em câmera lenta: a alegria tomou conta de todos os meninos. Um instante
poético da narrativa criada pelo diretor, Jean Vigo.
Outro detalhe é que enquanto o
inspetor, anão, fala ao professor Huguet, da necessidade da escola realizar uma
festa digna da presença do governador, imagens da guerra de travesseiros se
alternam à reunião. O fato de colocar um anão como inspetor e de ter
escancarado sua visão sobre os horrores de um internato, podem ter custado
muito caro ao diretor.
No dia seguinte, dia da comemoração,
o quarteto dos líderes não aparece no momento da festa, pois todos estão
arquitetando ‘’o ataque”, o que ocorre ao jogarem do alto da escola, latas,
pedras e outros objetos. Alegres, os quatro meninos andam pelo teto onde está
uma bandeira “do movimento” por eles organizados, enquanto os colegas, em
baixo, comemoram, e as autoridades ficam confinadas no porão.
O filme não mostra uma nova forma de narrativa, mas seu diferencial reside nessas novidades apontadas e serve tanto como referencial fílmico de modo amplo, quanto temático. Destaco como inovações político-estéticas o protagonismo juvenil, e não somente de um ator, mas de 04(quatro) deles e ainda o uso de ambientes externos, inclusive a rua, alternando com internos.
as imagens foram retiradas dos sites,pela ordem:radarconsultoria.com
adorocinema.com
bheventos.coom.br
velhaonda.com
cinefrance.com.br
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