domingo, 11 de agosto de 2019


Torno público trechos do meu mais recente trabalho RESUMO E INTRODUÇÃO, apresentado no IX ENCONTRO DE SOCIOLINGUÍSTICA, realizado nos dias 01 e 02 de agosto de 2019, na Universidade Federal da Bahia
A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA PORTUGUESA DO ENSINO MÉDIO
Marcos José de Souza*
RESUMO: Nossa investigação tem como foco a presença da variação linguística como conteúdo de estudo nos livros de Língua Portuguesa do Ensino Médio, utilizados no período de 2001 a 2017, pelo autor desse trabalho como docente de Língua Portuguesa em uma escola no município de Fátima-Bahia. O objetivo geral é verificar como o tema deste trabalho aparece nos livros didáticos e o tratamento dado pelos autores via textos e atividades para o estudo dele em sala de aula. Para tanto fizemos a catalogação das 06(seis) coleções usadas naquele período, fazendo o levantamento preliminar de todas as ocorrências e localizando o momento em que o conteúdo aparece no livro didático (e quando aparece); em seguida analisamos todas as ocorrências de cada coleção. A segunda fase da elaboração do artigo deu-se com o cotejamento dos resultados da investigação daquela primeira fase, com algumas das principais autoridades no tema da Sociolinguística e ainda com o que dizem os documentos orientadores produzidos e divulgados pelo Ministério da Educação para o ensino de Língua Portuguesa no Ensino Médio. Constatamos que o tema Variação Linguística está presente em 05(cinco) das coleções usadas e em todas as ocorrências, tanto os textos, quanto as atividades de compreensão e de análise primam pelo conhecimento e pelo respeito à diversidade da Língua Portuguesa. Entretanto, mesmo sob a égide combater o preconceito linguístico, alguns estereótipos permanecem, o que pode ser configurado com preconceito linguístico. São usados bons textos dos mais variados gêneros e tipos e de diversos autores nacionais, de todos os cantos do Brasil, incluindo trechos teóricos nos exercícios acima apontados. Este artigo tem uma relação direta com o nosso trabalho cotidiano na docência de Língua Portuguesa, pois enfatizamos a diversidade, inclusive com os exemplos do cotidiano dos nossos alunos, uma vez que a maioria absoluta é residente na zona rural e mesmo em um pequeno município como o nosso, a variação é presente, inclusive no meio em que os alunos vivem, sendo essa variação marcadamente identificada pela faixa etária dos sujeitos. Enquanto os jovens e as crianças frequentam a escola, os idosos não frequentaram e entre os adultos o índice ainda é baixo. Por este e outros motivos nossa sala de aula sempre foi um laboratório vivo, com diversidade linguística e, por extensão, cultural.

PALAVRAS-CHAVE: Variação linguística; livro didático; Ensino Médio; Sociolinguística; língua portuguesa; Diretrizes curriculares nacionais para o Ensino Médio


*Marcos José de Souza é professor da Rede Estadual da Bahia, desde 1992 e atualmente é o diretor do Colégio Estadual Nossa Senhora de Fátima, em Fátima-Bahia. Vice-coordenador do Núcleo de Pesquisa Sociedade e Educação, da U. F. de Sergipe, vinculado ao HISTEDBR, com sede na UNICAMP-SP. 

INTRODUÇÃO

            A temática Variação Linguística, doravante LD, está presente no início do Livro Didático, doravante LD, para o estudo de Língua Portuguesa do Ensino Médio - EM daqui em diante - o que, a nosso ver representa uma possibilidade do enfrentamento do Preconceito Linguístico, evidentemente, sob a ótica de um professor que aborde, que encara como positivo esse fenômeno linguístico e cultural, por extensão. Nosso primeiro critério é localizar o conteúdo no índice ou sumário dos Livros Didáticos selecionados a partir da nosso exercício docente no Ensino Médio, da Rede Estadual de Ensino, no município de Fátima,Bahia, na unidade escolar, Luís Eduardo Magalhães, situado na sede do município, desde o ano de sua fundação, 2001, quando fornecia também as séries finais do Ensino Fundamental, passando, do ano de 2003 em diante a oferecer somente Ensino Médio, na modalidade regular, quanto o Curso Normal Médio.
E o que entendemos por Variação Linguística? Sem mais delongas, nos apoiamos em alguns estudiosos da Sociolinguística, um ramo da Linguística que preconiza ser a variação linguística um fenômeno cultural da língua de um determinado povo que se caracteriza pelos mais variados usos, modificados por elementos tais como tempo histórico, nível de escolarização, ambiente de uso familiar e não familiar, faixa etária dos falantes, intenções e momentos dos usos da língua, dentre outros possíveis influenciadores e provocadores de variação.
            Todos os LD apresentam caminhos diferentes para o estudo da VL, mesmo aqueles cuja autoria se faz presente com ou sem parceria (a co-autoria). Os livros analisados são os seguintes, cuja ordem é a nossa utilização na Unidade de Ensino, no período de 2001 a 2017- excluí o ano de 2018 em face de não ter atuado na 1ª série, momento no qual o fenômeno linguístico sempre trabalhado com ênfase-.
1.      Português, João Domingues Maia, Ática,2003
2.      Português, Faraco e Moura, Ática, 2002;
3.      Português: Língua e cultura, Faraco, Base, 2003;
4.       Novas Palavras, Amaral e outros, FTD, 2005;
5.       Português: Literatura – Gramática – Produção de texto, Sarmento e Tufano, Moderna, 2010 e
6.       Português – Linguagens, Cereja e Magalhães, Saraiva, 2013.
Nesse primeiro momento do trabalho farei uma análise da presença da Variação Linguística no LD de cada período utilizado, mas farei pequenas incursões/inserções de diálogos entre eles. No segundo momento, já nos encaminhando para a conclusão, farei uma leitura dos documentos oficiais, as diretrizes curriculares Nacionais e alguns artigos científicos sobre a temática preferencialmente publicados no período em que o uso dos livros didáticos ocorreu e que incidam sobre o Ensino Médio.
Por fim, e à guisa de conclusão, elaborarei minhas considerações finais mesclando inferências desse estudo, juízos de valor da nossa experiência cotidiana com outros profissionais da docência no EM- não somente em Língua Portuguesa-, bem como apresentar novas frentes de estudo dessa investigação que vislumbra um “bom” caldo cultural (haja visto que pesquisar sobre Variação Linguística transitamos pela Política, Sociologia, Antropologia Geografia, enfim, mesmo correndo o risco de ser redundantes ou mesmo multifacetados, pela cultura).    
Texto não revisado pelo autor