sexta-feira, 6 de novembro de 2020

 

Zero de conduta, Jean Vigo, 1933, França.





A presença da Educação no cinema, principalmente o cotidiano da sala de aula, ocorre desde o início da sétima arte. Hoje nosso dialogo será com um filme produzido nos anos de 1930, mais precisamente em 1933, portanto 40 anos depois do “surgimento” do cinema, numa fase já consolidada com a marca de “escolas cinematográficas” em vários países, trata-se de Zero de Conduta, dirigido pelo francês Jean Vigo.

Zero de conduta apresenta um internato para meninos, destacando um quarteto desses garotos que sempre chamam a atenção da direção do estabelecimento por não cumprirem as ordens da casa, as quais, vamos conhecendo, são opressoras e, portanto, limitadoras das ações pertinentes à infância e à adolescência. Na trama, os personagens estão às vésperas de uma comemoração cujo nome não é revelado.

Na instituição de ensino constatamos diversas agressões aos internos, em face da postura autoritária dos professores e dos demais componentes da gestão escolar. À exceção de um deles, o qual com sua postura, lembra algumas prerrogativas do professor Paulo Freire em seu livro Pedagogia da Autonomia. Trata-se do prof Huguet, novo no estabelecimento, e pela prática não autoritária, opressora, não é bem visto pela direção e inspeção escolares. Este professor permite que os estudantes tenham autonomia, trabalha com alegria, participa com eles e sabe ouvi-los. Em dos momentos, o prof Huguet vê um aluno “plantar bananeira” em plena sala de aula e em seguida imita o estudante.

A narrativa proporciona a vitória aos estudantes revoltosos, quando os dirigentes do internato estão em plena comemoração organizada pela própria instituição, o que a nosso ver, não seria comum à época, 1933: a vitória da revolta estudantil. E essa “vitória” começa na véspera da festa, quando os líderes incitam aos demais colegas à não participação na comemoração, ao promoveram “uma brincadeira” conhecida como guerra de travesseiros. Um detalhe dessa sequência é que ao final dela temos alguns segundos em câmera lenta: a alegria tomou conta de todos os meninos. Um instante poético da narrativa criada pelo diretor, Jean Vigo.

Outro detalhe é que enquanto o inspetor, anão, fala ao professor Huguet, da necessidade da escola realizar uma festa digna da presença do governador, imagens da guerra de travesseiros se alternam à reunião. O fato de colocar um anão como inspetor e de ter escancarado sua visão sobre os horrores de um internato, podem ter custado muito caro ao diretor.

No dia seguinte, dia da comemoração, o quarteto dos líderes não aparece no momento da festa, pois todos estão arquitetando ‘’o ataque”, o que ocorre ao jogarem do alto da escola, latas, pedras e outros objetos. Alegres, os quatro meninos andam pelo teto onde está uma bandeira “do movimento” por eles organizados, enquanto os colegas, em baixo, comemoram, e as autoridades ficam confinadas no porão.




O filme não mostra uma nova forma de narrativa, mas seu diferencial reside nessas novidades apontadas e serve tanto como referencial fílmico de modo amplo, quanto temático. Destaco como inovações político-estéticas o protagonismo juvenil, e não somente de um ator, mas de 04(quatro) deles e ainda o uso de ambientes externos, inclusive a rua, alternando com internos.

as imagens foram retiradas dos sites,pela ordem:

radarconsultoria.com

adorocinema.com

bheventos.coom.br

velhaonda.com

cinefrance.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário