quarta-feira, 5 de julho de 2023

 

A Pedagogia do Cinema via Montagem – reflexões desse campo de estudos sobre o filme Guerra de Canudos, de Sérgio Rezende

Marcos José de Souza

RESUMO

O trabalho ora concluído se insere no campo dos estudos sobre Cinema, em particular, a Pedagogia do Cinema, via Montagem, quando aqui elaboramos um percurso teórico a partir das ideias da pedagogia pobre, de imagem, de experiência, consideradas basilares para aquela pedagogia. Esse artigo foi elaborado a partir do diálogo com as seguintes fontes de pesquisadores BONDIA(2002), GALLO(20016), MASSCHELEIN(2008) e MIGLIORIN e BARROSO (2016), que tratam indiretamente do tema, a partir dos conceitos de imagem, experiência, de pedagogia pobre e, em especial, sobre pedagogia do cinema:montagem. Usamos ainda como fonte para confrontação dialógica dessa Pedagogia do Cinema, via Montagem, 03(três) cenas do filme Guerra de Canudos, 1997, de Sergio Rezende. Por se tratar de um campo recente de estudos, nossos resultados são provisórios, entretanto vislumbram uma riqueza de possibilidades, pois trata-se de uma área que dialoga com a produção fílmica, a recepção da arte, estudos da imagem, majoritariamente.

PALAVRAS-CHAVE: Pedagogia do Cinema: Montagem. Antipedagogia. Imagem. Experiencia. Guerra de Canudos.

1.    Introdução

O que ensinar? Por que ensinar? Quem deve ensinar (quem deve aprender?) Quando ensinar? Como ensinar?

Estas e outras perguntas provocativas servem para que possamos mergulhar nesse universo, o da Pedagogia e pensarmos sobre momentos, circunstâncias, razões,  justificativas, necessidades, desejos de aprender, de saber, uma vez que se pergunto sobre “ensinar”, o que aprender é a outra face (não seria a mesma?) da ação ...pensemos juntos incluindo também   o cinema nessa peleja boa.

E é sobre isso que me proponho a analisar neste artigo, a Pedagogia do Cinema a partir da montagem, ou, como afirma MIGLIORIN e BARROSO(2016) em artigo germinal sobre esse universo, tratar o cinema como arte que carrega em si uma, duas, três ou mais pedagogias, quando pluraliza essa área do ensino, a pedagogia, destacando a montagem cinematográfica como uma delas.

Partindo de algumas reflexões em torno de temas afins, mas também ainda germinais como Pedagogia Pobre ou anti-Pedagogia, Experiência e implicações no nosso pensar, refletir em torno de imagem e suas possibilidades, através de trabalhos dos pesquisadores Bondía(2002), Gallo(2016) Masschelein(2008) tentaremos construir um caminho que nos leve à Pedagogia do Cinema, via montagem, a fim de, no segundo momento do trabalho, analisar, à luz da Pedagogia do Cinema:montagem, três cenas do filme Guerra de Canudos, 1997, de Sergio Rezende, a saber, as cenas de abertura e a cena de encerramento, tendo em vista o caráter de apresentação do ambiente e o da chegada e de partido rumo ao desconhecido que os personagens enfrentaram e enfrentarão, respectivamente.

O filme Guerra de Canudos trata da vida de uma família residente no semiárido baiano que recebe a visita do peregrino Antonio Conselheiro, o qual partiu do Estado do Ceará, a pé, rezando, celebrando batizados e casamentos, pregando a pobreza e condenando o casamento civil, construindo e/ou restaurando cemitérios e igrejas, já sob o regime político instaurado após a Proclamação da República.

Ao chegar à Bahia encontra a família de Penha e Lucena e suas duas filhas e mais um filho, Luísa , Tereza e Toinho. Em face dos desmandos e da opressão do novo regime político, Lucena decide largar tudo e parte junto com o Conselheiro. Mas Luísa, sua filha mais velha não adere à decisão do pai e foge de casa. Se prostitui, casa com um soldado desertor da guerra e após ficar viúva, torna-se amante de Luís da Gama, Tenente do Exército.

Nas idas e vindas da vida de Luísa o séquito do Conselheiro se instala às margens do rio Vaza-Barris e ali constroem uma cidade. Esta é vista pelos governos como um atentado à República e decide atacar em 04(quatro) expedições na tentativa de destruir o Belo Monte (é o nome da cidade) o que consegue, deixando um rastro de morte, sangue, cadáveres insepultos e muita fome e gente doente...e inválida. Da família dos Lucena restaram Luísa e Tereza que dos escombros partem para o desconhecido.

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